O Food and Drug Administration (FDA) está revisando relatos a
respeito de crianças que desenvolveram efeitos adversos graves ou
morreram depois de tomar codeína para alívio da dor após amigdalectomia
e/ou adenoidectomia, para tratar a síndrome de apneia obstrutiva do sono.
Recentemente, três mortes em crianças e um caso de depressão
respiratória grave foram documentados na literatura médica. Essas
crianças (com idades entre 2 e 5 anos) apresentaram evidências de uma
habilidade herdada (genética) para converter a codeína em morfina em
quantidades de risco para a vida. Todas as crianças receberam doses de
codeína que estavam dentro daquelas habitualmente recomendadas.
A codeína é um analgésico
opiáceo utilizado para tratar a dor leve à moderadamente grave. Também é
usada, geralmente em combinação com outros medicamentos, para reduzir a
tosse. Ela está disponível como produto com um único ingrediente ou em
combinação com paracetamol ou aspirina em alguns medicamentos para gripe e tosse.
Quando a codeína é ingerida, ela é convertida em morfina no fígado por uma enzima chamada citocromo P450 2D6 (CYP2D6). Algumas pessoas têm variações de DNA que tornam esta enzima
mais ativa, fazendo com que a codeína seja convertida em morfina mais
rápido e completamente do que em outras pessoas. As chamadas
"metabolizadoras ultra-rápidas" de substratos das isoenzimas do
citocromo P450 2D6 (incluindo codeína) são mais propensas a ter
quantidades maiores do que o normal de morfina no sangue
depois de tomar codeína. Altos níveis de morfina podem resultar em
dificuldade respiratória, que pode ser fatal. Tomar codeína após
amigdalectomia e/ou adenoidectomia
pode aumentar o risco de problemas respiratórios e morte em crianças
que são "metabolizadoras ultra-rápidas." O número estimado de
"metabolizadoras ultra-rápidas" é geralmente 1 a 7 por 100 pessoas, mas
pode ser tão alto quanto 28 por 100 pessoas em determinados grupos
étnicos.
O FDA está realizando uma revisão de segurança da codeína para
determinar se há outros casos de superdosagem acidental ou morte em
crianças que tomaram codeína e se estes eventos adversos ocorreram
durante o tratamento de outros tipos de dor, como dor no pós-operatório
de outros tipos de cirurgias ou procedimentos.
Os profissionais de saúde
devem estar cientes dos riscos do uso de codeína em crianças,
particularmente naquelas que serão submetidas à amigdalectomia e/ou adenoidectomia para tratar a síndrome de apneia obstrutiva do sono.
Caso seja necessária a prescrição de medicamentos contendo codeína, a
menor dose eficaz durante o menor período de tempo deve ser usada de
acordo com a necessidade (ou seja, não deve ser prescrita em intervalos
de tempos pré-determinados).
Os pais que observarem sonolência incomum, confusão mental ou
respiração difícil ou ruidosa em seus filhos devem parar de dar a
codeína à criança e procurar atendimento médico imediatamente, uma vez
que estes são sinais de overdose.
Testes aprovados pelo FDA estão disponíveis para a determinação do genótipo de um paciente CYP2D6.
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